quinta-feira, 22 de novembro de 2007

14 de maio de 2005. Seis anos! Crônica por Edna Costa.

Dia 14 de maio (sábado) fez seis anos que chegamos aqui nos EUA. Foram anos de muita luta, saudades, desafios, conquistas e esperanças. Vou tentar resumir mais ou menos os acontecimentos.

Viemos eu e meus dois filhos. Meu filho do meio ficou no Brasil para terminar a faculdade de veterinária, que já estava quase na metade. Quando o avião levantou vôo, meu coração ficou apertado de dor. As lágrimas (algumas das muitas que viriam) rolaram quentes e choramos, os três, silenciosamente. Foi uma longa viagem na qual nenhum de nós dormiu perdidos em pensamentos sombrios.

Fazia muito frio quando desembarcamos no aeroporto JFK, em New York. Tínhamos vindo despreparados para isso e para dizer a verdade, para tudo o que nos esperava. Trazíamos pouco dinheiro, mas muita fé, esperança e coragem em nossa pequena bagagem. Estávamos assustados com nossa ousadia e com a incógnita que seria nossas vidas a partir desse momento.

Por coincidência, pegamos um táxi com motorista brasileiro (Marcos) que nos levou a um albergue em Manhattan, já que o casal que deveria nos buscar e hospedar, não apareceu. Fiquei assombrada com tudo, principalmente o tamanho dos prédios e lojas. Olhando as pessoas e os lugares, senti-me como se estivesse dentro de um filme ou quem sabe, sonhando. Era uma sensação muito estranha!

No albergue ficamos num quarto com mais um rapaz e foi esquisito porque no Brasil isso não é usual. Finalmente no dia seguinte, conseguimos falar com o tal casal e ficamos na casa deles - em Astória, NY - por um mês, onde dormíamos no chão da sala. Em seguida fomos morar em Flushing, NY, com uma brasileira que havia ficado viúva e tinha medo de ficar sózinha. Nesse interím, nossas poucas reservas estavam acabando pois não contávamos que tudo seria tão caro por aqui. Felizmente meus filhos arrumaram serviço e logo depois eu tambem fui trabalhar.

Então resolvemos ir morar com o pai dos meninos (que morava em Newark-NJ e de quem eu estava separada). Que sufoco! Durou pouco a tentativa, mas foi o empurrão que nos levou para outra cidade (Jersey City-NJ), onde moramos até dois meses atrás, quando viemos morar em Queens, NY.

Nestes anos aconteceram coisas boas e coisas ruins. Acho que pesando na balança o saldo fica quase empatado. As coisas boas, foi que compramos uma casa, carro, conhecemos lugares, pessoas, novos costumes, viajamos, meus filhos tiveram a chance de estudar e ter um futuro melhor, inclusive o que ficou no Brasil, pois tivemos condições de mantê-lo estudando. Eu realizei um antigo sonho que era ver a neve. E tambem participamos de alguns acontecimentos históricos e outros um tanto interessantes nesse país.

O pior foi, antes de tudo, a barreira da linguagem e a diferenca cultural. Fizemos poucos amigos aqui já que trabalhamos tanto que ficamos sem tempo, sem contar a desunião dos brasileiros, querendo sempre um ter mais do que o outro, salvo raras exceções, algumas das quais, Deus colocou em nossas vidas. Por outro lado não participamos de fatos importantes que aconteceram no Brasil, em nossa família e com os amigos. E o que dizer da saudade? Essa dói demais e faz nosso coraçnao ficar pequenininho e triste, dependendo do momento.

E assim, vamos tocando o barco, hora em águas mansas, hora em águas revoltas. O futuro é um enigma, mas estamos cumprindo as metas que traçamos antes de vir e esperando DELE, o comandante de nosso destino, a decisão final.

3 comentários:

Louca por Doces disse...

Parabens pela coragem! É preciso muita para deixar tudo para tras e mudar de vida.

Edna Costa disse...

Querida, coragem é pouco...só por necessidade e falta de opção, que nosso país NÃO nos dá. Bjs.

Jandira Suarez da Motta disse...

Ora, ora, ora|!
Eu que já ia te perguntar, já sei a resposta!
Mas tu é corajosa, hein, mulher!!!
Sair do Rio de Janeiro pra BH foi mole, pq tinha duas irmãs lá. Sair de Bh pra onde moro agora, a apenas 3 horas de distância foi uma verdadeira epopéia para mim. Imagine se eu ia ter a coragem que vc teve! Sem parentes aqui, a barreira da linguagem aqui era outra... eram os valores carcomidos, a falta de fraternidade, de lealdade. Nossas linguagens não batiam...
parabéns, minha amiga por todas as suas vitórias e seu sempre presente bom-humor!