quinta-feira, 22 de novembro de 2007

De cebolas, batatas e tomates. Crônica por Edna Costa.

Dia desses protagonizei uma cena hilária e tudo por
conta de batatas, tomates e cebolas que comprei
para aproveitar o preço que estava bom. Eu levava
aquele pêso todo de uma cidade para outra. Quando saí
da estação de trem, vi que meu ônibus vinha vindo e
resolvi atravessar a avenida de qualquer jeito.

Acontece que são três etapas para a travessia.
Atravessei a primeira avenida e parei na ilha (um
tiquinho de ilha que mal dava para caber meus pés e
eu, com razoável segurança). Depois de alguns
segundos, que pareceram minutos, consegui chegar na
segunda ilha (idem à primeira em tamanho). Fiquei com
um olho no trânsito e outro no bendito ônibus que
continuava parado no ponto com as pessoas entrando.

O farol estava fechado para as duas mãos que seguiam a
esquerda e aberto para a faixa do ônibus. Então, os
motoristas ao verem aquela figurinha frágil e sózinha
(euzinha) perdida naquele ilhazinha, começaram a fazer
gestos com as mãos para que eu atravessasse, que o
ônibus esperaria. Diante da situação de perigo resolvi
perder o ônibus e esperar o próximo sinal. Mas, qual o
quê! O povo parecia querer ver sangue na arena!
Resolveram que eu teria que atravessar e tal foi a
gritaria e os incentivos, que lá fui eu.

Acontece que a motorista do ônibus começou a sair lentamente com o
dito cujo. No desespero para atravessar a pista - e
agora pegar o ônibus também - comecei uma corrida
maluca que acabou em comédia. Imaginem a cena: Quando
eu estava no meio da avenida o fundo da sacola de
legumes começou a rasgar. E eu correndo, nem vi. Só vi
quando passou a primeira batata na minha frente (ela
sendo grande e redonda tinha mais velocidade que eu,
claro!). Em seguida veio mais uma batata...e mais
outra...atrás vinham as cebolas e os tomates. Fui
correndo e driblando todos para não pisar em nenhum e
cair, mas nem pensando em parar de correr.

Nisso a motorista tinha parado o ônibus e TODO mundo olhava
para mim. Ela abriu a porta e eu entrei vermelha de
vergonha e quase morta, sem folêgo. Alguém pode
imaginar uma senhora com minha dignidade (leiam assim:
diga a idade) correndo acima de suas forças? As caras de todos
pareciam dizer: "Oh! coitada!" Quando cheguei ao meu destino e fui descer do ônibus a motorista cheia de compaixão e simpatia me consolou:

- Bom, parece que hoje não vai ter jantar em casa, né?
Tenha uma boa noite querida. Agradeci, retribui a
gentileza e desci do ônibus convicta de que nas
próximas compras, vou colocar os legumes em duas
sacolas para ter certeza que tal cena jamais se
repetirá.

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