segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A moça da janela. Parte II. Crônica por Edna Costa. Abril/04/2007.

Numa noite enluarada e silenciosa, a moça da janela caminhou até o topo de uma ladeira que havia perto de sua casa. A seus pés, as luzes faiscantes da cidade confundiam-se com as estrelas que coalhavam o céu. A lua clara e majestosa projetava sombras ameaçadoras, mas ela não sentia medo,

Sentia sim, um grito parado na garganta e uma vontade imensa de esquecer tudo por que passara. Lembranças vieram à tona fazendo-a chorar copiosamente. Naquele momento, decidiu que homem nenhum merecia sua dor e que já era hora de ser feliz novamente.

Resolveu ceder aos galanteios do rapaz que trabalhava numa firma, para a qual ela prestava serviços. Contrariando sua vontade, ele, assim que pôde, foi à sua casa falar com o severo pai, que a repreendeu por nem bem ter terminado um noivado e já estar namorando outro rapaz. Acabaria mal falada, sentenciou. A moça sentiu o peso de ser mulher, numa época em que os homens, ao contrário delas, tudo podiam.

Por mais que se esforçasse, ela não conseguia mais sentir amor verdadeiro em seu coração. Havia apenas ternura, amizade e gratidão, por essa nova pessoa que a estava amparando nesse momento difícil da vida. Tinha dúvidas se apenas isso serviria de base para uma vida inteira, mas ainda ferida pelos acontecimentos, deixou-se levar pelas incertezas e em pouco tempo casaram-se.

Depois de dois anos de convívio, as coisas começaram a mudar. Perdera um bebê numa primeira gravidez, mas agora nascia o filho que tanto almejavam. O marido começou a sentir ciúmes dessa relação mãe/filho e demonstrava isso aberta e publicamente, deixando-a sempre constrangida.

Depois, veio a fase em que ele saía mais vezes e ela ficava cuidando da criança. Quando o bebê tinha somente quatro meses, ficou grávida novamente. Uma gravidez difícil, que terminou depois de três meses com muita dor. Vieram mais dois filhos e a relação do casal passou a ser ainda mais turbulenta.

O tempo passava rápidamente e os afazeres eram tantos, que não deixavam a moça pensar muito o que estava sendo sua vida. Ela, que jurara ser feliz, vivia uma vida que só não era tão vazia e triste, pela presença dos filhos. O sonho que tão lindo começara, estava virando um grande pesadelo. Era a história invertida: o príncipe virou sapo!

Num dia em que se sentia extremamente melancólica, a moça fez um novo juramento: assim que os filhos caminhassem com as próprias pernas, iria se separar desse homem que depois de tantos anos de dedicação, lhe dera em troca traições, solidão, desespero e decepções. Duvidava da coragem, que deveria reunir para este gesto. Seria ela capaz? Não perca a parte final dessa odisséia

Um comentário:

Anônimo disse...

E aguardando o próximo.
Até lá!