domingo, 13 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS.

Fim de ano esta chegando outra vez e, como sempre, trazendo aquela infindavel correria de mil coisas para fazer. Eu sempre prometo que esse ano vai ser diferente; que vou me programar etc e tal, mas claro que tudo se repete. Para dizer a verdade já fiz a lista de compras, o que vou fazer para a ceia de natal e tambem comprei umas coisas que a casa estava precisando, mas faltando duas semanas para natal isso nao é nem a metade do que vem pela frente! Hoje levantei animada e resolvi começar minhas tarefas natalinas pelos votos de boas festas para meus amigos queridos.

Antes das palavras de praxe, quero compartilhar com voces minha alegria com o presente antecipado que papai do céu já deixou embaixo da nossa arvore (imaginaria por enquanto, pois vamos monta-la só hoje). Ganhei meu primeiro neto (Felipe) que veio lindo, saudavel e vira passar as festas aqui em casa junto com meu filho e minha nora. Tambem virao muitos amigos e a casa ficara como sempre gosto: muito conversê, risadas, comidas e calor, apesar de estarmos em pleno e rigoroso inverno.

Ah, esse coraçao já cansado de outros natais nao tao completos, anda batendo no compasso de uma orquesta inteira e quase explode de tanta felicidade e, como o personagem de uma antiga musica de sucesso, me pego cantando sem mais nem porque. Bom, mas acho que chegou a hora de parar o papo tao agradavel e ir direto ao assunto que me trouxe aqui :)))

Desejo a todos voces meus amigos reais e virtuais, um FELIZ NATAL e PROSPERO ANO NOVO. As palavras sao as mesmas de sempre e os sentimentos de amor, amizade e carinho tambem. Que nesse natal lembremos de agradecer pela saude, perfeiçao, paz, familia e fé em Deus. Que ELE continue guiando nossas vidas e iluminando o mundo. Beijão e que 2010 seja igual ou melhor que 2009 para todos nós.

--
Edna Costa

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mais uma sobre paquera. Crônica de Edna Costa. Novembro/19/2009

Gente do céu, acho que a fada madrinha invertida me visitou e deixou uma praga debaixo do meu travesseiro. Toda vez que resolvo paquerar acontece alguma coisa para estragar tudo. Bom, claro que eu ando seletiva demais e isso atrapalha, mas fala sério; tem coisas que não dá pra relevar. Alguns itens que meu paquera deve ter é, em primeiro lugar aparência e em segundo a atitude. Acho que o resto são detalhes que podem ser "acertados" depois. Mas, não sei se foi a praga ou se fiquei chata mesmo, o fato é que sempre acontece algo para desmoronar meu castelo.

Tempos atrás eu estava olhando para um cara bonitão quando de repente ele deu a maior fungada (usei essa palavra para ser educada): eliminado! Um outro tinha pelos saindo pelas orelhas e pelas narinas (e acho que não tinha espelho em casa): eliminado! Uma vez um grisalho tinha os cabelos tão desgrenhados que parecia ter acabado de levantar da cama ou ter visto um fantasma: eliminado! O moreno alto estava indo bem até que começou a sorrir levemente e falar sozinho (céus!): eliminadíssimo! E por aí vai.

Até que outro dia estava eu passeando leve e solta por um lindo parque e reparei num homem maduro, bem vestido e boa aparência sentado num banco lendo. Aí pensei com meus (muitos) botões; ele bem que podia me dar bola. E então como num passe de mágica ele me olhou e sorriu. Fiquei ali parada que nem boba e para disfarçar comecei andar na direção da pequena cerca de arame que ladeia o parque e acabei ficando quase ao lado dele.

Aí a praga perversamente começou a funcionar. Quando eu já estava bem perto, senti um cheiro insuportável de estrume e recuei alguns passos. O suficiente para ver a cara dele se converter em puro nojo e então olhei para o chão e percebi que o cheiro vinha do meu sapato. Eu tinha acabado de pisar num monte que algum cachorro deixou exposto e o dono não pegou (pena a patrulha não ter visto e multado o safado). Nem é preciso dizer que o coroa levantou e deixou o local imediatamente e eu fiquei ali, tentando limpar meu sapato na grama (ponto negativo pra mim) e me sentindo a mais infeliz das criaturas.

Agora fala sério; isso é ou não praga? Ando pensando seriamente se vou para um convento (oh, delírio) ou se procuro um antídoto para desfazer essa praga. Porque quanto mais o tempo passa, mais eu fico descompassada com esses espécimes e mais raros eles vão ficando.

sábado, 10 de outubro de 2009

Adeus minha guerreira.

Minha mãe faleceu nessa quinta-feira, dia 08 de outubro. Ela já estava com 85 anos e um pouco adoentada. Foi internada uma semana antes com uma pneumonia mal curada, que estava lhe causando muita falta de ar. Depois de alguns dias o quadro piorou e ela veio a falecer. Deus foi misericordioso não permitindo que ela sofresse mais do que já tinha sofrido nessa vida.

Vou guardar para sempre muitas lembranças dentro do meu coração. Da mãe querida que muitas vezes tirou da boca para não deixar um filho ficar com fome, da moça bonita que viu seu sonho transformar-se na luta diária pela sobrevivência e da da mulher guerreira que enfrentou muitos percalços da vida, mas nunca deixou de acreditar que o dia seguinte seria melhor.

Eu poderia escrever páginas e páginas com suas histórias de bravuras, alegrias e tristezas, mas acho que essas poucas linhas seriam mais do seu agrado. Então fica aqui essa pequena homenagem à Dona Zizi, como era carinhosamente chamada. Até um dia em algum lugar, mamãe.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O quadro. Crônica por Edna Costa. 20.10.2005

Algumas vezes ainda se encantava ao andar pelas ruas
de Manhattan; outras, se questionava o porque estava
ali e até quando. Coisas do destino, diria sua mãe.
Fazia um calor abafado e úmido, o que era raro nessa
época do ano pois já estavam no outono e o vento
frio deveria estar soprando para anunciar a
chegada do rigoroso inverno. Ah! o inverno, lembrou
ela, enquanto empurrava enfadonhamente o carrinho de
bebê. Não gostava do frio tão intenso que lhe trazia a
companhia de algumas dores da idade.

Sacudiu vigorosamente a cabeça para espantar os
pensamentos desagradáveis, e atravessou a rua
rápidamente. Ao alcançar a calçada diminuiu o passo,
limpou o suor da testa com as costas da mão, ajeitou
os óculos e já no meio do quarteirão parou, e
abaixou-se ao lado do carrinho para dar água para o
menino. Afagou seus cabelos dourados e deu-lhe um
beijo na bochecha rosada. Sorriu com ternura ao
constatar como o amava depois de dois anos e meio de
convivência.

Ergueu-se lentamente e fitou a vitrine da loja de
artes. Havia tantas coisas lindas para serem admiradas,
mas seu olhar fixou-se num grande quadro colorido.
Era uma pintura a óleo que retratava uma janela aberta
com um vaso apoiado no parapeito. Desse vaso saia uma
profusão de miosótis incrívelmente azuis. Abaixo, por
dentro da moldura, podia-se ver um console antigo com
um serviço de chá para duas pessoas, que lembrava
porcelana inglêsa em seus detalhes tão delicados.

E então, a vista da janela descortinava-se para uma
vila a beira-mar. Era deslumbrante! Pequenas casas,
talvez de pescadores, pontilhavam de colorido a orla
do mar. Nos rochedos estavam incrustadas como pérolas
as casas maiores e mais bonitas. Dava quase para
sentir a diferença dos estilos de vida das casas.
Além das areias brancas da praia, surgia o mar
verde-esmeralda intenso e cristalino pontilhado de
pequenos barcos completando aquela beleza toda.
Algumas gaivotas brancas plainavam graciosamente no ar
parecendo prontas a dar o bote para a refeição do dia.

Sentiu-se transportada para aquele lugar mágico e por
momentos esqueceu-se dos problemas do dia-a-dia. Meu
Deus, pensou ela, como pode alguém transpor para um
simples quadro, tanta poesia e beleza? Voltou à
realidade com o chamado do menino. Sentiu uma leve
tristeza ao pensar que talvez não pudesse jamais
comprar uma obra tão linda. Mas voltaria a passar (e
parar) mais vezes em frente a loja e sonhar por alguns
breves instantes.

sábado, 15 de agosto de 2009

Menina Flor. Parte I. Crônica por Edna Costa. 20/06/2008.

Era chamada de Florzinha, pois como diziam os pais, por ser muito magrinha e franzina parecia estar sempre murcha. Vivia numa família grande, sendo a caçula de sete filhos. Quando fazia alguma arte se encolhia num canto da casa, esperando pela bronca que vinha em forma de castigo, pois nas raras vezes em que apanhou, o pai ficou com medo de machucar a menina tão fraquinha. Assim foi crescendo, fazendo molecagem com os irmãos e irmãs. Aos treze anos de idade conheceu o Zé da bicicreta (assim mesmo: bi-ci-cre-ta).

O Zé andava lá pelos dezoito anos e era conhecido pelo apelido, por não largar sua “magrela” de jeito nenhum. Onde estava o Zé, estava a bike encostada do lado. Era uma boa pessoa, humilde, trabalhador e sem grandes ambições. Também vinha de família numerosa, mas ao contrário de Flor que era de família remediada, ele era muito pobre. Foi amor a primeira vista, de ambas as partes.

Os pais de Flor bem que tentaram convencê-la de que era muito jovem para assumir qualquer compromisso e que ela deveria terminar os estudos e ter mais maturidade para depois começar a namorar e sair com rapazes. Mas, quando a flecha do cupido entra em ação não tem jeito. Com eles não foi diferente, sem contar que naquele tempo casar muito jovem era comum.

As famílias, relutantes, concordaram com o namoro que virou noivado e depois casamento. Ela com quinze e ele com vinte anos, viraram marido e mulher. Depois de casada, apesar de continuar magrinha, Flor passou da palidez profunda a um leve cor rosada. Parecia ter criado novas forças no dia-a-dia, o que causava grande alegria aos pais.

O Zé também mudou. Com a ajuda dos sogros abriu um pequeno armazém, passou a trabalhar com afinco e em pouco tempo já colhia os frutos do esforço. Comprou um carro, mas continuou com o antigo apelido e não se importava com isso. Tinha verdadeira paixão pela nova vida que levava.


Antes de completar dezesseis anos, Flô, como ele a chamava, já esperava um filho. Nasceu um menino saudável, de parto normal, que ganhou o nome do pai. Mas eles tinham torcido tanto por uma menina que resolveram não esperar muito e tentar de novo. Flôrzinha tinha um filho a cada ano e foi enchendo a casa de meninos, sem abandonar a idéia de ter uma menina.

Quando já tinha sete filhos e estava grávida de novo, o marido foi com ela ao médico e sem que ela soubesse, combinaram para fazer uma cesariana durante a qual seria feito uma laqueadura para que ela não tivesse mais filhos. Afinal, a vida estava difícil com tanta boca para alimentar, sem contar outros gastos.

Apesar da estranheza de Flor, que sempre tivera menino em casa com parteira, o parto aconteceria no hospital, com a desculpa que ela tinha um pequeno cisto que seria retirado na hora que a criança nascesse. Era véspera de natal quando ela começou a sentir as primeiras dores. Foi levada às pressas para o hospital e assim que a criança nasceu o doutor deu a boa notícia; ela ganhara um presente de papai-noel (ou seria do papai do céu?); uma menina!

Ela e sua bonequinha só voltaram para casa perto do ano novo, mas suas recordações são de um natal maravilhoso passado dentro de um quarto de hospital, rodeada pelo marido, filhos e pela curiosidade das pessoas que trabalhavam ou estavam internadas lá. Afinal, era a mais jovem e a que tinha mais filhos na pequena cidade.Eles agora tinham a casa cheia de filhos!

Compraram uma perua Aero-Willys para transportar toda criançada, mas a bicicleta não foi totalmente abandonada. Era usada nos fins de tarde quando Zé pedalava até a beira do rio caudaloso, que corria mansamente de encontro ao mar. Ficava ali deitado na relva com um mato no canto da boca, matutando coisas que só ele sabia.

Mas, a vida nem sempre é um conto de fadas e brevemente vamos saber se foi a bruxa malvada ou a fada madrinha, quem escreveu o final da história da pequenina Flor e sua numerosa família.

MENINA FLOR. Parte II. Crônica por Edna Costa . 26/08/2008.

A vida seguia seu curso de encontro ao destino e a casa de Flor e Zé vivia sempre cheia de conversas e um inevitável entra e sai de filhos, pessoas e amigos. Entre esses haviam as numerosas comadres e compadres, todos escolhidos por motivos afetivos com os pais, como por exemplo os padrinhos do Jesus, que apesar do nome de santo era espevitado como ninguém.
Todos os meninos tinham os nomes começados com “J”. O primeiro foi Junior, o segundo João (em homenagem ao avô) e por aí seguiu, sendo que o caçula era o Jesus. Combinaram que quando nascesse a sonhada menina, nada mais justo que o nome fosse escolhido pela mãe. A pequenina chamava-se Maria Flor, numa referência ao apelido da mãe.
A madrinha de Jesus era uma das melhores amigas de Flor e vivia mais na casa dos compadres do que na dela, que era bem ao lado. Gorete, que não tinha filhos, era alegre, palpiteira e com frequência cutucava a comadre para cuidar mais do compadre e deixar um pouco as crianças, de lado.
Flor se incomodava um pouco pela comadre dar esse tipo de palpite. Ela se virava como podia para dar conta das crianças e da casa, pois apesar de ter uma pessoa que a ajudava no dia-a-dia e tudo ser sempre uma grande canseira, achava que dava conta do recado direitinho.
O tempo passando, a caçulinha com quase dois anos até que um dia Flor começou a notar o Zé com ar distante e distraído. Pegava a bicicleta com mais frequência para ir olhar a correnteza do rio e quando falava com ele era sempre aquele susto, como se estivesse a léguas dali. Cisma minha, pensava ela sempre aterefada demais para perder tempo com bobagens.
Quando passou aquele dezembro de festas de natal e comemoração do aniversário da florzinha, Zé chamou Flor e disse simplesmente que iria embora com outra. E, quem era essa pessoa? Parecia impossível, mas a outra era a comadre Gorete! Foi uma raiva tamanha, que Flor pensou que fosse explodir.
Passado esse momento de estupor, ligou para a a mãe contando tudo e perguntando o que iria fazer da vida. Depois de alguns minutos da tensa conversa, a mãe pediu que lhe desse algum tempo para pensar numa solução, disse que se acalmasse e que ligaria tão logo tivesse a resposta para ajudá-la.
Acalmar-se? Sentia-se uma pessoa feliz e realizada, mas isso fora mudado em apenas alguns minutos transportando-a para o centro de um furacão. Onde tinha errado? (Porque que será que as mulheres sempre acham que o erro é delas?). Afundou no grande sofá da sala e ficou fitando o teto com o olhar perdido, enquanto as lágrimas rolavam quentes e abundantes por suas faces, que agora tinham uma cor cinzenta. Sentia-se fraca e pela primeira vez na vida, não sabia o que fazer.
Cenas da sua vida foram passando lentamente diante de seus olhos. Nesses momentos via Zé como mocinho e não vilão. Pai amoroso, amigo, alegre e responsável era o que lembrava. Como ele podia chegar e simplesmente dizer que ia embora? É verdade que acabara o amor impetuoso de ambos, mas no lugar ficara o amor feito de companheirismo, compreensão, amizade e momentos de pura ternura, construídos ao longo de anos de convivência.
Imaginava o futuro como um revolto mar de águas escuras e bravias, avançando com fúria de encontro a seu sereno porto seguro. Olhava constantemente para o telefone e tinha ímpetos de ligar novamente para a mãe, nesse momento seu único refúgio e amparo. Respirou fundo e aguardou.

MENINA FLOR. Final. Crônica por Edna Costa. 20/06/2008.

MENINA FLOR. Final. Crônica por Edna Costa. 02.01.2009.
Quando o telefone tocou, Flor pulou do sofá como se uma mola invisível a tivesse impulsionado. A voz trêmula saiu como um lamento numa noite escura e fria, enquanto as lágrimas começaram novamente a brotar. Sua mãe acalmou-a dando instruções de como deveria agir.
Apesar das incertezas, desligou o telefone e começou a arrumar uma pequena mala com alguns poucos pertences seus e de Maria Flor. Não precisou esperar muito pela chegada do Zé, que entrou cabisbaixo e calado.
Ela então pegou a menina, a mala e disse que estava indo embora para que ele pudesse ficar com a comadre, os filhos e tudo o mais que tinham. Ele a olhava incrédulo sem saber o que fazer ou dizer. Flor agiu rápido dizendo que ligaria para combinarem as visitas dos filhos e outros detalhes e saiu batendo a porta.
Chegou na casa da mãe com o coração aos pedaços e a esperança de que tudo que ela lhe dissera se concretizasse. O Zé, apesar das dúvidas que lhe atrapalhava os pensamentos foi buscar Gorete e pediu que viesse com ele para começarem uma nova vida, juntos e felizes.
Passado algum tempo os dois já discutiam por qualquer coisa e Gorete estava arrependida de ter aceitado vir tomar conta de todos, pois o trabalho era estafante e os meninos faziam de tudo para infernizar a vida dela. A empregada tambem não colaborava e a convivência de todos estava ficando tensa.
Depois de três meses brigaram feio! Gorete disse que não gostava dele o suficiente para encarar aquela barra e que tudo havia sido um enorme engano. Ela partiu e ele ficou na porta relembrando a mesma cena, só que com Flor. Ah, se a gente pudesse voltar atrás e não errar e nem sofrer, pensou com amargura.
Dias depois ligou para Flor e disse estar arrependido. Queria que ela voltasse para casa e o perdoasse por tudo o que havia feito. Fez mil promessas e, plagiando a música do Roberto, disse que dali pra frente tudo seria diferente.

Pronto! Tudo acontecia conforme sua sábia mãe tinha previsto. Flor prometeu que iria pensar a respeito e desligou o telefone exultante. Deixou passar dois dias, ligou para o Zé e disse para ele ficar no portão da casa com os filhos que ela iria chegar por volta das oito horas da noite.
Quando a viu chegando, Zé não escondeu sua alegria. Flor começou a falar em tom muito alto, o que atraiu os vizinhos para fora de suas casas. Era exatamente o que ela queria e então pediu para o marido repetir na frente de todos, as promessas que havia feito pelo telefone e como forma de “selar” tudo isso exigiu que ele se ajoelhasse e pedisse perdão, no que foi atendida prontamente.
A partir daquele dia o Zé voltou a ser o pai, marido e amigo que sempre fora. Os filhos foram casando, os netos chegando e os anos desfilando dias tranquilos, que lembravam o rio caudaloso que corria mansamente para o mar.
Há alguns anos atrás o Zé saiu para pedalar e foi atropelado por um motorista bebado. Partiu naquele momento, deixando Flor e os filhos inconsoláveis e com a certeza de que a vida nunca mais seria a mesma sem a presença dele.
Em dias de saudades, Flor senta-se na velha cadeira de balanço, na varanda, fecha os olhos e ainda parece ver o Zé chegando das bandas do rio em sua querida magrela, assobiando feliz e despreocupado.
Final. Crônica por Edna Costa. 02.01.2009.
Quando o telefone tocou, Flor pulou do sofá como se uma mola invisível a tivesse impulsionado. A voz trêmula saiu como um lamento numa noite escura e fria, enquanto as lágrimas começaram novamente a brotar. Sua mãe acalmou-a dando instruções de como deveria agir.
Apesar das incertezas, desligou o telefone e começou a arrumar uma pequena mala com alguns poucos pertences seus e de Maria Flor. Não precisou esperar muito pela chegada do Zé, que entrou cabisbaixo e calado.
Ela então pegou a menina, a mala e disse que estava indo embora para que ele pudesse ficar com a comadre, os filhos e tudo o mais que tinham. Ele a olhava incrédulo sem saber o que fazer ou dizer. Flor agiu rápido dizendo que ligaria para combinarem as visitas dos filhos e outros detalhes e saiu batendo a porta.
Chegou na casa da mãe com o coração aos pedaços e a esperança de que tudo que ela lhe dissera se concretizasse. O Zé, apesar das dúvidas que lhe atrapalhava os pensamentos foi buscar Gorete e pediu que viesse com ele para começarem uma nova vida, juntos e felizes.
Passado algum tempo os dois já discutiam por qualquer coisa e Gorete estava arrependida de ter aceitado vir tomar conta de todos, pois o trabalho era estafante e os meninos faziam de tudo para infernizar a vida dela. A empregada tambem não colaborava e a convivência de todos estava ficando tensa.
Depois de três meses brigaram feio! Gorete disse que não gostava dele o suficiente para encarar aquela barra e que tudo havia sido um enorme engano. Ela partiu e ele ficou na porta relembrando a mesma cena, só que com Flor. Ah, se a gente pudesse voltar atrás e não errar e nem sofrer, pensou com amargura.
Dias depois ligou para Flor e disse estar arrependido. Queria que ela voltasse para casa e o perdoasse por tudo o que havia feito. Fez mil promessas e, plagiando a música do Roberto, disse que dali pra frente tudo seria diferente.

Pronto! Tudo acontecia conforme sua sábia mãe tinha previsto. Flor prometeu que iria pensar a respeito e desligou o telefone exultante. Deixou passar dois dias, ligou para o Zé e disse para ele ficar no portão da casa com os filhos que ela iria chegar por volta das oito horas da noite.
Quando a viu chegando, Zé não escondeu sua alegria. Flor começou a falar em tom muito alto, o que atraiu os vizinhos para fora de suas casas. Era exatamente o que ela queria e então pediu para o marido repetir na frente de todos, as promessas que havia feito pelo telefone e como forma de “selar” tudo isso exigiu que ele se ajoelhasse e pedisse perdão, no que foi atendida prontamente.
A partir daquele dia o Zé voltou a ser o pai, marido e amigo que sempre fora. Os filhos foram casando, os netos chegando e os anos desfilando dias tranquilos, que lembravam o rio caudaloso que corria mansamente para o mar.
Há alguns anos atrás o Zé saiu para pedalar e foi atropelado por um motorista bebado. Partiu naquele momento, deixando Flor e os filhos inconsoláveis e com a certeza de que a vida nunca mais seria a mesma sem a presença dele.
Em dias de saudades, Flor senta-se na velha cadeira de balanço, na varanda, fecha os olhos e ainda parece ver o Zé chegando das bandas do rio em sua querida magrela, assobiando feliz e despreocupado.

sábado, 4 de julho de 2009

Trocar de óculos, urgente! Crônica por Edna Costa.

Trocar de óculos, urgente!
Crônica por Edna Costa.

Acho que estou precisando trocar as lentes do meu óculos, pois últimamente tenho lido muito errado e feito cada coisa!

Comecei a anotar essa falta de atenção ou a necessidade de alguns graus a mais no óculos e vejam que “perolas” colecionei.

* No título do jornal: FERIADO da páscoa. Eu li: FERIDO na páscoa.

* Numa placa afixada na parede de uma igreja evangélica estava escrito em espanhol: Jesus viene pronto (Jesus vem logo). Eu li: JESUS VENDE PONTO.

* No jornal: Após CORTE, deputado tem R$45mil para gasolina. Eu li: Após MORTE deputado tem R$45mil para gasolina.

* No jornal: Produtora de vinho é MULTADA por mistura errada. Eu li: Produtora de vinho é MULATA por mistura errada.

* Anúncio na revista: Pés COLORIDOS All Star. Eu li: Pés DOLORIDOS All Star.

* Anúncio na internet: Corra, camisetas para POUCOS. Eu li: corra, camisetas para LOUCOS!

Além de ler errado também tenho feito coisas insanas, as quais “nem às paredes confesso”. Às paredes não, mas a vocês meus amigos, sim.

* Coloquei 5 gotas de líquido para fazer bolinhas de sabão no aquário do peixinho, quando deveria ter colocado o líquido para purificar a água. (Felizmente o peixe ainda não estava no aquário).

* Outro dia eu entrei na cozinha e dei umas boas chineladas para tentar matar uma azeitona preta, pensando que fosse uma barata!

* Também corri atrás da bolinha amarela da nossa cachorrinha Jully, achando que fosse uma cebola que estivesse rolando pelo chão.

* Fui andando pela entrada do cinema e dei o maior encontrão na parede de espelho, pois pensei ser alguém que estivesse vindo na minha direção e que a pessoa fosse desviar do meu caminho…ui!

* E pra finalizar, outro dia olhei do topo da escada, vi alguém subindo e pensando ser meu filho, abri a porta repentinamente e dei um grito, quase matando meu vizinho de susto! O pobre indiano cor de chocolate ficou branco que nem papel. Pedi mil desculpas, mas depois disso ele me evita sempre que pode.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Notinha.

Essa crônica foi escrita em 2005, mas traz um problema sempre atual, crescente e triste. Fica a pergunta: por que será que os jovens procuram ser felizes movidos a bebidas e drogas, mesmo sabendo que o final nunca será feliz? Beijão e bom fds. (No "ps" do rodapé da crônica esqueci de colocar a data do ocorrido:2007).

NOTICIA TRISTE. Cronica por Edna Costa. 15.06.2005.

Essa semana eu gostaria de escrever uma crônica engraçada como faço normalmente, mas uma notícia na televisão me chamou a atenção e mudei tudo. Era sobre Edinho, filho de Pelé. Na tela o rei aparecia chorando por causa da triste notícia que Edinho era usuário de drogas e, pior ainda, traficava também! Ali estava nosso ídolo maior, eleito o atleta do século, perplexo e impotente diante do inimigo que a cada dia toma conta da vida de nossos jovens.

Pelé trazia no rosto um misto de surpresa e dor. Nos olhos as lágrimas comoventes revelando ao mundo que rei quando sofre também chora. A frase dita quase em tom de desculpa me deixou triste. Ele disse:
- Eu, que sempre fui contra as drogas, nunca percebi que elas estavam dentro da minha própria casa.

Fiquei ali sentada por um longo tempo e meus pensamentos voltaram à uma data muito distante. Meu irmão, quando jovem, começou andar em más companhias, e sempre que meus pais questionavam isso ele rebatia com o velho bordão "não é porque meus amigos não prestam que eu não vou prestar também". E os coitados acreditavam, sem lembrar o sábio ditado: uma fruta podre acaba estragando as outras.


O jovem bonito e inteligente acabou no caminho das drogas e do alcoól, transformando a vida dele e a de nossa família num imenso sofrimento. Internações, dor, tratamentos, promessas, nada adiantou. Ele ainda dizia que poderia parar a qualquer hora, pois tinha o controle da situação. Só conseguiu parar quando já tinha perdido sua vida. Hoje é um farrapo humano, portador do vírus HIV, sofre todo tipo de sequelas deixadas por ter judiado tanto do corpo, e vive, como ele mesmo costuma dizer, no "corredor da morte".

Pois é. Infelizmente os pais sempre são os últimos a saber e muitas vezes, tarde demais. Meu estimado Pelé, fico aqui solidária com sua dor, torcendo para que você e sua família recebam muita luz e que essa estória acabe num final feliz.

Ps - meu irmão partiu há dois anos e se eu estivesse presente teria escrito em seu túmulo: apagou-se a luz de uma estrela, que viveu uma vida sem brilho.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Um dia diferente. Crônica por Edna Costa. 20.04.2009

Hoje amanheceu nublado, frio e chuvoso, um típico dia em que a gente daria tudo para ficar em casa de pijama vendo televisão, comendo porcarias, fuçando no computador e fazendo o serviço do peixe: nada! Bom, mas eu precisava sair para algumas tarefas e mesmo contra minha vontade me concentrei em cumpri-las.

Já estava com a chave na porta e ia colocar os sapatos para sair quando o telefone tocou. Ah, isso já aconteceu com todo mundo uma vez na vida, certo? Voltei praguejando e vi que era minha “chefa”, que está viajando. Uma das tarefas que eu tinha a cumprir seria passar num hotel em Times Square para deixar um pacote e pegar outro para ela, que tinha dito que eu poderia ir depois das dez da manhã.

Nervosamente ela me perguntou se eu ainda estava em casa e eu quase respondi que não, que essa era uma mensagem inteligente prégravada, mas educadamente perguntei o que tinha acontecido. Ela pediu que eu saísse correndo pois a pessoa que me esperava queria sair mais cedo do hotel. Aí pensei; sair correndo nessa altura da minha idade? Impossível, querida! Eu estava dentro do que havíamos combinado antes, mas disse que me apressaria e assim fiz.

Cheguei ao encontro ás 9:55hs e me desculpei pela hora, explicando o que tinha acontecido. A família que me aguardava era muito amável e disse que eu não deveria ter me preocupado. Conversamos por alguns minutos durante os quais eu dei algumas dicas de lugares para compras, direções do metrô e parti para a segunda tarefa, que seria deixar a encomenda no apartamento .

Entrei, dei uma olhadela se tudo estava certo e ao chegar no banheiro vi que tinham deixado a tampa da pia fechada, mas esqueceram a torneira pingando e a pia estava transbordando. Aqui, os banheiros não tem ralo no chão (só na banheira ou box, claro!) e então dá pra imaginar a cena. Sorte terem passado só dois dias depois que eles viajaram, senão acho que quando chegasse lá eu teria um acesso e gritaria por várias horas.

Bom, tudo ajeitado, saí para a última tarefa; passar no hospital para pegar meus remédios para controle da pressão alta. Lá tudo é muito organizado mas muito demorado, pois tem poucos atendentes para tanta gente. Quando a pessoa chega tem que tirar um numero de uma máquina e aguardar o painel luminoso com seu numero. O meu era 515 e olhando para para o painel vi que ainda estava no 478 o que significava que eu teria uma espera de mais ou menos uma hora e meia, que foi o que aconteceu.

Quando chega sua vez você dá sua carteira do hospital num guichê, pega um recibo, vai pra uma outra sala (de tamanho médio), paga em outro guichê e espera que chamem seu nome para retirar seus remédios. Nessa sala demorei mais uns vinte minutos, mas quando já estava esperando chamarem meu nome, o alarme de incêncio disparou e além do som insuportável, luzes azuis começaram a piscar loucamente.

Apesar disso meu nome foi chamado, peguei meus remédios e fui saindo da sala quando um policial veio em minha direção e me pegou pelo braço. Quase morrí de susto por isso, mas ao levantar os olhos vi aquele mar de policiais e bombeiros no hall do hospital, sem falar nos incontáveis carros de bombeiros, viaturas policiais e ambulâncias no páteo.

Perguntei o que estava acontecendo, mas sem mudar a expressão do rosto ele disse que tudo estava sob controle e gentilmente me conduziu para dentro da sala de novo. Pediu para que eu fechasse a porta e mandou que ninguém saísse até que alguém autorizasse e assim permanecemos trancados por quase meia hora, sem saber o que se passava. Que sufoco!

Finalmente um senhor que já estava passando mal de nervoso abriu a porta e aventurou-se a sair. Nós o seguimos apressadamente e fiquei assombrada com a multidão que estava aglomerada lá fóra. Um sujeito antipático me perguntou o que estava acontecendo e eu respondi o que devia ser verdade: provavelmente, nada! Talvez uma fumacinha suspeita ou um cheirinho de gás mais forte. Agora uma coisa é certa; apesar do show cinematográfico eles realmente são muito eficientes!

Finalmente voltei pra casa extenuada pelo dia agitado. Ainda deu tempo para um banho relaxante, um chocolate quentinho e uma passadinha pelo computador para contar minhas aventuras. Depois, olhando furtivamente pela janela e vendo os transeuntes fiquei imaginando como teria sido o o dia deles; tranquilo ou “normal” como o meu?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Crônica sobre paquera. Edna Costa. 23/03/2009.

Minhas amigas vivem dizendo que eu ainda sou moça (a maioria delas tem mais ou menos a minha idade) e que deveria casar de novo. Respondo que isso não me interessa e para encerrar a conversa digo que gosto de paquerar, mas não penso mais em casar. Quem sabe arrumar um “namorido” seria bom...quem sabe.

A partir desse dia resolvi olhar, de verdade, para alguns paqueras no trem, onibus ou rua para ver se tinha algum interesse ou só para me sentir mais viva, notada, sei lá. Relato a seguir como foi uma dessas tentativas. Outras virão, podem ter certeza!

Voltando de metrô de um passeio num sábado, um senhor de cabelos grisalhos, alto, bonitão e com irresistíveis olhos azuis me fitava com simpatia e interesse. Ao seu lado um jovem bonito, que imaginei ser seu filho ou genro, trocava algumas palavras com ele, que me olhava sempre de frente e depois de algum tempo meneou a cabeça e me deu uma piscada.

Céus, pensei, um homem assim não pode estar me dando bola tão descaradamente! Mas ele continuou jogando charme para cima de mim, que já comecei a ficar sem graça pois embora não demonstre, sou tímida. Já tinha perdido a concentração no livro que estava lendo e mesmo sem querer levantava os olhos na sua direção a cada minuto (ou seria segundo?) e me perdia em pensamentos.

Minha estação já estava se aproximando e pensei se deveria escrever meu número de telefone num papel e entregar para ele, embora soubesse que não teria coragem para tanto. Bem, mas pode ser que ao me ver levantar ele faça o mesmo ou quem sabe desça junto e me aborde para conversarmos, divaguei.

Quando estávamos a três estações do meu destino o jovem virou-se, colocou a mão sobre a perna do charmoso, disse qualquer coisa no seu ouvido e antes de levantar-se lascou um beijo na boca do bonitão, que retribuiu, deu um lindo sorriso e ainda abanou a mão graciosamente para ele.

O chão se abriu e eu me atirei de cabeça. Foi subindo um calor de raiva e vergonha. Será que alguém tinha percebido minhas olhadelas e rubores? Fiquei tão desconcertada que só pensava em descer daquele trem e quando a porta se abriu desci, mesmo sendo numa estação antes, sem olhar para trás ou para os lados.

Fui andando pela calçada da avenida movimentada tentando colocar os pensamentos em ordem. O vento no rosto e a caminhada me devolveram a calma. Chegando em casa tomei um banho revigorante, preparei um chá e liguei para as amigas relatando o ocorrido e juntas rimos muito do “causo” do velho charmoso e gay. Ah, mas foi interessante e estimulante para meu ego e, como diria um poeta; foi bom enquanto durou (risos).

sábado, 7 de fevereiro de 2009

MINHA COZINHA. Crônica por Edna Costa.

Essa crônica eu escrevi em 2004, quando ainda vivíamos em Jersey City. Nossa casa tinha um lindo jardim na frente com roseiras, hortências e outras plantas, um gostoso quintal com árvores frutíferas, uma sala aconchegante e quartos confortáveis, mas a cozinha era a peça mais ampla e usada por todos nós. Ah! que saudades eu sinto até hoje daquela casa.

MINHA COZINHA.

Eu gosto muito da minha cozinha. Ela é grande, arejada e é dali que saem os deliciosos aromas de um café fumegante, do chá para acalmar o estresse ou fazer a digestão, da sopa para esquentar o estômago e o espírito nos dias frios, da macarronada com frango aos domingos, das guloseimas em comemoração a aniversários e do feijão com arroz do dia a dia.

É ali que conversamos em volta da mesa, longe da televisão para não tirar a atenção da prosa. Algumas vezes jogamos cartas e é também onde meu filho estuda e eu faço as contas da casa. No verão gosto de olhar distraída pela janela para ver os passarinhos em algazarra nos pés de frutas do quintal e o gato amarelo, gordo e preguiçoso fingindo não ver os pássaros mas lambendo a pata prazeirosamente.

Ontem notei que o sol já começou mudar de posição, pelas sombras projetadas no chão da minha cozinha.
Elas mostram que já estamos no outono e em breve virá o rigoroso inverno. Minha cozinha ficará cinzenta por um longo tempo e meu olhar um tanto melancólico sem a luminosidade do sol .

Talvez eu passe a maior parte do tempo reclamando do inverno - apesar de continuar amando a neve – mas esperarei, não sem certa impaciência, pela volta dos raios de sol a enfeitar o chão da minha cozinha, que eu gosto tanto.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Crônica de 2006.

Essa crônica foi escrita em 2006 e depois disso repetimos essa maratona todos os anos seguintes. Algumas vezes foi no verão e outras no inverno, com temperaturas muitos graus abaixo de zero! Meu filho e nora que antes viviam no Brasil hoje vivem no Canadá, portanto a distância ficou bem mais curta, permitindo visitas mais frequentes. Espero que vocês gostem da crônica e quando vierem a Nova Iorque, podem me convocar como guia...rssss. Beijão pra todos.

Maratona em NYC. Crônica por Edna Costa. 08/21/2006.

Acabei de completar vinte e oito dias de maratona por New York City. Sinto-me como se um trator tivesse passado por cima do meu corpo. Meus pés ganharam algo em comum com um personagem de Walt Disney: eles não são belos, mas andam adormecidos. À noite, quando me deito para dormir, minha cabeça pesa como uma abóbora e meus músculos pululam como tentáculos de um polvo tendo pesadelos.

Foram 28 dias andando por museus, zoológicos, atrações turísticas, indo a shows barulhentos, comendo pizza, hot-dog, trash food, refrigerantes, um monte de porcarias e fazendo outras loucuras, como andar no Central Park, sob um calor escaldante de 40 graus! Uma tortura que só uma mãezona comete em nome do amor filial.

Tentei acompanhar meus jovens filhos e nora nos passeios mais básicos, mas confesso que não foi fácil. Eles andam, comem, falam, vivem depressa demais e com tanta intensidade, que nos deixam a sensação de que o minuto seguinte será o ultimo! Sair de manhã e voltar à noite (e eles ainda saiam de novo) é gostoso na primeira semana, mas com o passar dos dias a coisa vai ficando preta.

Hoje de manhã, meu filho foi para o Canadá ficar com o pai por alguns dias. Ele volta domingo cedo para cá e vai embora para o Brasil na segunda-feira à noite. Já prometi ao pai do ceu que não vou chorar, mas como das outras vezes, não cumprirei a promessa. Detesto despedidas e a palavra adeus sempre machuca meu coração.

Agora minha maratona chegou ao fim. Ah! Que doce foi essa temporada! Apesar de toda canseira, trabalheira e outras “eiras”, a-do-rei tudo! Pena não poder registrar aqui o som dos risos e a felicidade, que fizeram desses dias, momentos tão maravilhosos e especiais. Mas, isso tudo ficará guardado em nossos corações e memória para sempre.

Bom, mas depois de tudo o que passei nessas férias, tomei uma resolução e resolvi me inscrever numa academia de ginástica. Só assim para ficar em forma e conseguir repetir a dose, quem sabe, daqui a um ano. Vou também me inscrever para participar da maratona de NY. Deve ser bem mais fácil malhar e correr todos os dias, do que acompanhar essas feras.