terça-feira, 21 de abril de 2009

Um dia diferente. Crônica por Edna Costa. 20.04.2009

Hoje amanheceu nublado, frio e chuvoso, um típico dia em que a gente daria tudo para ficar em casa de pijama vendo televisão, comendo porcarias, fuçando no computador e fazendo o serviço do peixe: nada! Bom, mas eu precisava sair para algumas tarefas e mesmo contra minha vontade me concentrei em cumpri-las.

Já estava com a chave na porta e ia colocar os sapatos para sair quando o telefone tocou. Ah, isso já aconteceu com todo mundo uma vez na vida, certo? Voltei praguejando e vi que era minha “chefa”, que está viajando. Uma das tarefas que eu tinha a cumprir seria passar num hotel em Times Square para deixar um pacote e pegar outro para ela, que tinha dito que eu poderia ir depois das dez da manhã.

Nervosamente ela me perguntou se eu ainda estava em casa e eu quase respondi que não, que essa era uma mensagem inteligente prégravada, mas educadamente perguntei o que tinha acontecido. Ela pediu que eu saísse correndo pois a pessoa que me esperava queria sair mais cedo do hotel. Aí pensei; sair correndo nessa altura da minha idade? Impossível, querida! Eu estava dentro do que havíamos combinado antes, mas disse que me apressaria e assim fiz.

Cheguei ao encontro ás 9:55hs e me desculpei pela hora, explicando o que tinha acontecido. A família que me aguardava era muito amável e disse que eu não deveria ter me preocupado. Conversamos por alguns minutos durante os quais eu dei algumas dicas de lugares para compras, direções do metrô e parti para a segunda tarefa, que seria deixar a encomenda no apartamento .

Entrei, dei uma olhadela se tudo estava certo e ao chegar no banheiro vi que tinham deixado a tampa da pia fechada, mas esqueceram a torneira pingando e a pia estava transbordando. Aqui, os banheiros não tem ralo no chão (só na banheira ou box, claro!) e então dá pra imaginar a cena. Sorte terem passado só dois dias depois que eles viajaram, senão acho que quando chegasse lá eu teria um acesso e gritaria por várias horas.

Bom, tudo ajeitado, saí para a última tarefa; passar no hospital para pegar meus remédios para controle da pressão alta. Lá tudo é muito organizado mas muito demorado, pois tem poucos atendentes para tanta gente. Quando a pessoa chega tem que tirar um numero de uma máquina e aguardar o painel luminoso com seu numero. O meu era 515 e olhando para para o painel vi que ainda estava no 478 o que significava que eu teria uma espera de mais ou menos uma hora e meia, que foi o que aconteceu.

Quando chega sua vez você dá sua carteira do hospital num guichê, pega um recibo, vai pra uma outra sala (de tamanho médio), paga em outro guichê e espera que chamem seu nome para retirar seus remédios. Nessa sala demorei mais uns vinte minutos, mas quando já estava esperando chamarem meu nome, o alarme de incêncio disparou e além do som insuportável, luzes azuis começaram a piscar loucamente.

Apesar disso meu nome foi chamado, peguei meus remédios e fui saindo da sala quando um policial veio em minha direção e me pegou pelo braço. Quase morrí de susto por isso, mas ao levantar os olhos vi aquele mar de policiais e bombeiros no hall do hospital, sem falar nos incontáveis carros de bombeiros, viaturas policiais e ambulâncias no páteo.

Perguntei o que estava acontecendo, mas sem mudar a expressão do rosto ele disse que tudo estava sob controle e gentilmente me conduziu para dentro da sala de novo. Pediu para que eu fechasse a porta e mandou que ninguém saísse até que alguém autorizasse e assim permanecemos trancados por quase meia hora, sem saber o que se passava. Que sufoco!

Finalmente um senhor que já estava passando mal de nervoso abriu a porta e aventurou-se a sair. Nós o seguimos apressadamente e fiquei assombrada com a multidão que estava aglomerada lá fóra. Um sujeito antipático me perguntou o que estava acontecendo e eu respondi o que devia ser verdade: provavelmente, nada! Talvez uma fumacinha suspeita ou um cheirinho de gás mais forte. Agora uma coisa é certa; apesar do show cinematográfico eles realmente são muito eficientes!

Finalmente voltei pra casa extenuada pelo dia agitado. Ainda deu tempo para um banho relaxante, um chocolate quentinho e uma passadinha pelo computador para contar minhas aventuras. Depois, olhando furtivamente pela janela e vendo os transeuntes fiquei imaginando como teria sido o o dia deles; tranquilo ou “normal” como o meu?