quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mais uma sobre paquera. Crônica de Edna Costa. Novembro/19/2009

Gente do céu, acho que a fada madrinha invertida me visitou e deixou uma praga debaixo do meu travesseiro. Toda vez que resolvo paquerar acontece alguma coisa para estragar tudo. Bom, claro que eu ando seletiva demais e isso atrapalha, mas fala sério; tem coisas que não dá pra relevar. Alguns itens que meu paquera deve ter é, em primeiro lugar aparência e em segundo a atitude. Acho que o resto são detalhes que podem ser "acertados" depois. Mas, não sei se foi a praga ou se fiquei chata mesmo, o fato é que sempre acontece algo para desmoronar meu castelo.

Tempos atrás eu estava olhando para um cara bonitão quando de repente ele deu a maior fungada (usei essa palavra para ser educada): eliminado! Um outro tinha pelos saindo pelas orelhas e pelas narinas (e acho que não tinha espelho em casa): eliminado! Uma vez um grisalho tinha os cabelos tão desgrenhados que parecia ter acabado de levantar da cama ou ter visto um fantasma: eliminado! O moreno alto estava indo bem até que começou a sorrir levemente e falar sozinho (céus!): eliminadíssimo! E por aí vai.

Até que outro dia estava eu passeando leve e solta por um lindo parque e reparei num homem maduro, bem vestido e boa aparência sentado num banco lendo. Aí pensei com meus (muitos) botões; ele bem que podia me dar bola. E então como num passe de mágica ele me olhou e sorriu. Fiquei ali parada que nem boba e para disfarçar comecei andar na direção da pequena cerca de arame que ladeia o parque e acabei ficando quase ao lado dele.

Aí a praga perversamente começou a funcionar. Quando eu já estava bem perto, senti um cheiro insuportável de estrume e recuei alguns passos. O suficiente para ver a cara dele se converter em puro nojo e então olhei para o chão e percebi que o cheiro vinha do meu sapato. Eu tinha acabado de pisar num monte que algum cachorro deixou exposto e o dono não pegou (pena a patrulha não ter visto e multado o safado). Nem é preciso dizer que o coroa levantou e deixou o local imediatamente e eu fiquei ali, tentando limpar meu sapato na grama (ponto negativo pra mim) e me sentindo a mais infeliz das criaturas.

Agora fala sério; isso é ou não praga? Ando pensando seriamente se vou para um convento (oh, delírio) ou se procuro um antídoto para desfazer essa praga. Porque quanto mais o tempo passa, mais eu fico descompassada com esses espécimes e mais raros eles vão ficando.