segunda-feira, 21 de março de 2011

Qual a origem da expressão: mãe coruja?



O tempo passa e a expressão "mãe coruja" não sai da moda. Vamos saber o porque desse dito? Ah sim, há também pai coruja, avó coruja, avô coruja, tio coruja, mas mãe coruja é mais famoso. Por que geralmente é essa pessoa que está sempre do nosso lado e que não enxerga os nossos defeitos.

Mas de onde nasceu essa expressão mãe coruja? Ela nasceu da fábula “A coruja e a águia”, que foi divulgada por Monteiro Lobato :

“Era uma vez duas aves que brigavam demais, a águia e a coruja. Depois de muitas brigas, decidiram fazer as pazes. A coruja propôs para a águia que uma não comesse o filho da outra e a águia concordou. A águia pediu que a coruja descrevesse seus filhotinhos para que ela não os devorasse. Então a coruja, demais orgulhosa e feliz, estufou o peito e disse que suas corujinhas eram as criaturas mais lindas e preciosas da floresta, que tinham penas maravilhosas, olhar marcante e uma esperteza fora do normal.

Passou um tempo, a águia estava em seu voo caçando algo para se alimentar e avistou um ninho com alguns monstrinhos e que nem tinha força para abrir os olhos. Ela pensou: “ - É claro que passa longe daquela descrição feita pela coruja, então irei devorá-los.”

Ao regressar à toca, a coruja estava aos prantos e foi até a comadre águia falar sobre o fato ocorrido. Espantada, a águia disse: “Misericórdia, aqueles bichinhos horrorosos eram os seus filhotes? Mas, não pareciam em nada com o que você havia me dito!”

domingo, 20 de março de 2011

Ídolos são de barro.

Crônica por Edna Costa.


Conheci o sr Heitor quando eu tinha uns dezoito anos. Naquela época (e lá se vão algumas décadas) fui trabalhar no escritório de uma metalúrgica de médio porte onde ele era um dos diretores. Eu trabalhava como ajudante de contabilidade e era a única mulher na firma. Todos me respeitavam e até faziam pequenos mimos comigo, por isso eu adorava trabalhar lá.

Eu gostava de todo mundo, mas esse homem me fascinava pela educação, simpatia e pelo sorriso franco e aberto. Ele era um gentleman! Era alto, cheiroso, tinha a pele alva pontuada por pequenas sardas, dentes perfeitos, a barba bem feita, e os cabelos encaracolados estavam sempre aparados como se estivessem sido acabados de cortar.

Os olhos, claros e luminosos, eram marcados por rugas que teimavam em se aprofundar sempre que ele sorria, o que acontecia frequentemente. Poucas vezes eu o vi alterado ou triste em todo tempo que trabalhamos juntos. Com ele aprendi a jogar a cabeça para trás e rir alto, sempre que achava alguma coisa muito engraçada.

Ele era muito bem casado, como gostava de frisar, e tinha um filho já crescido quando o conheci. Sempre que falava na família puxava a carteira e mostrava a foto da mulher e do filho, ambos muito bonitos. Uma das poucas vezes que o vi tenso foi quando alguem fez um comentário jocoso a respeito da família dele. Uma simples brincadeira que o deixou aborrecido e fez com que alterasse o tom de voz.

Mas, esse homem perfeito tinha um segredo que eu descobri quase casualmente: ele tinha uma família clandestina paralela à “social”. Tinha outra mulher e uma filha bastarda, que diziam ser tão bonita quanto o filho legítimo. Soube que ele as amparava, e muito bem, mas a família legitima não sabia de nada, evidentemente.

Esta descoberta foi um choque para mim e meu ídolo se quebrou! Fiquei tão decepcionada, que passei a olhar para ele com um certo desprezo e nossa relação já não era mais tão amigável, o que ele prontamente percebeu.

Ele nunca tocou no assunto sobre o que teria causado essa mudança brusca no meu comportamento, mas simplesmente aceitou isso como um fato consumado e rotineiro da vida.

Algum tempo depois eu saí da firma e nunca mais soube de ninguem de lá, mas ao longo da vida já me deparei com muitos outros homens iguais ao sr Heitor e me peguei pensando; porque??? A resposta, eu acho que nem Freud pode explicar satisfatóriamente.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Crônica sobre um bolo.

Eu adoro cozinhar, mas fazer pães e bolos são especialmente prazeirosos para mim. Depois de alguns anos aqui neste país, criei o costume de faze-los para presentear os amigos e algumas outras pessoas, como meu médico, a recepcionista dele e até um enfermeiro do hospital que se chama Angel (ele é mesmo um anjo para todo mundo). No começo eles estranharam um pouco essa moda não usual por aqui, mas depois acostumaram e quando eu chego corrrem para ver o que trouxe de gostoso.

Depois de algum tempo frequentando meu cabelereiro eu levei um bolo de limão (muito famoso aqui em casa e com amigos) para ele, que me beijou/abraçou, agradeceu muito e entrou na pequena cozinha do salão onde tem microondas, geladeira e uma pequena mesa com duas cadeiras. Todos usam este espaço para almoçar, lanchar e as vezes até descansar um pouco numa velha e confortável poltrona marrom, um pouco desbotada pelo tempo e uso.

Passados alguns minutos ele, escandaloso que só, voltou com um pedaço do bolo na mão gritando tanto, que todo mundo se assustou. Eu fiquei gelada, quer dizer, mais gelada ainda pois lá fora fazia 11 graus negativos, imaginando que ele tinha achado algum fio de cabelo (meu) ou qq coisa estranha no bolo, até que ele parou e, afetadamente, disse:

Povo...isto aqui deve ter alguma droga, porque viciei. Já comi dois pedaços e queria o terceiro a-go-ra!!! Minina, disse apontando ameaçadoramente o dedo para mim, vou te pro-ces-saaaar! Em seguida, riu, balançou o esbelto corpo e disse que meu cabelo nunca mais seria o mesmo, de tanto que ele iria caprichar a partir deste momento.

Depois mandou a secretaria dividir o bolo em quadradinhos e dar um pedaço para cada uma das pessoas que estavam ali, acompanhado de cafézinho ou chá. Final da estória; todo mundo queria encomendar e começaram a me dar telefone e tal. Mas, como não faço mais encomendas para fora, a não ser para alguns clientes antigos e amigos, me desculpei prometendo que da próxima vez levaria o bendito bolo de novo.

Eu volto ao salão a cada dois meses e a partir deste dia sempre levo um bolo. Já levei de cenoura, laranja, chocolate, todos fofos demais tambem, mas vira e mexe ele diz: foo-faaa, faz repeteco do bolo de limão, pleeeaaase? E abre aquele sorriso que desarma qualquer um. Como negar?